Ensino híbrido

Aprendizado Híbrido – Blended Learning

Há muito tempo que o uso de plataformas digitais é utilizado como complemento ou substituição a sistemas convencionais de educação presenciais. Estes recursos tiveram início no Brasil a partir do começo deste século, principalmente através da implantação de cursos superiores por diversas universidades (públicas e privadas) no modelo semipresencial, destaque para a Universidade Aberta do Brasil (UAB) que se propôs a ser um exemplo de interiorização dos centros universitários instalados nos grandes centros urbanos ao oferecerem para professores de municípios interioranos a possibilidade de qualificação e formação superior em diversos cursos de licenciatura.

Com a reformulação da legislação e pareceres da educação brasileira, principalmente após a Lei nº 9.394, que estabeleceu a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), oportunizando a democratização e universalização do ensino em todos as modalidades e níveis, tivemos um grande crescimento de instituições privadas aproveitando esse nicho de falta de acesso ao ensino superior principalmente. Este foi o movimento precursor do que hoje apelidamos de Blended Learning ou, traduzindo para nosso idioma, como Ensino Híbrido, como a união de recursos presenciais (salas de aulas com professores/tutores) e livros didáticos com as comunicações utilizando computadores conectados pela Internet.

Estas iniciativas ganharam folego ao longo dos anos, garantindo uma ampliação do ensino superior e qualificação de profissionais presentes nas escolas há vários anos e – também – para a parte da população que, sem acesso próximo às faculdades e universidades, passaram a contar com um meio eficiente de educação e formação acadêmica e profissional. Foram iniciativas que transformaram a distribuição da educação superior no país e nos permitiu, especialmente nas escolas públicas brasileiras, alcançar uma formação continuada dos professores de maneira efetiva e que contribuiu para a melhoria da Educação Básica nas regiões Norte e Nordeste impossíveis de se obter sem o auxílio das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC).

Na Educação Básica também começamos a observar diversas iniciativas em que o computador e a internet entregavam a crianças e adolescentes um novo contexto de educação e construções de aprendizagens mediadas pelas tecnologias. O protagonismo do ensino privado foi evidente neste alvorecer, principalmente pelo interesse das instituições privadas em serem vistas como vanguardistas e disputarem matrículas com o trunfo de uma educação moderna e pronta a oferecer aos mundos acadêmicos e do trabalho indivíduos já em sintonia com o crescente desenvolvimento tecnológico. No setor público tivemos diversas iniciativas de equipar escolas públicas com laboratórios de informática, mas – pela ausência de programas de formação adequados e contínuos de professores e, também, inexistência ou precariedade de links de internet – estes espaços acabaram ficando trancados e sem usos.

Somente no início desta década, como decorrência de pandemia provocada pelo coronavírus da COVID-19, é que a preocupação em garantir a continuidade das atividades escolares, afetadas pelas medidas de segurança sanitárias para redução dos contágios, requereram a implementação de estabelecimento de práticas de ensino que já eram discutidas, mas que ainda não faziam parte da maioria das instituições de ensino presenciais. Cabe aqui ressaltar que as instituições que já tinham diversos aprendizados educativos utilizando as TDICs sentiram menos impactos que aquelas cujo uso destas ferramentas era muito acanhado ou inexistentes, que sofreram extensos prejuízos na formação de crianças e adolescentes, principalmente das redes públicas de ensino. Parte dos danos por atraso na formação dos professores para lidar com as ferramentas do modelo de ensino híbrido e pelo reconhecido quadro de exclusão digital da clientela destas redes de ensino, como consequência da baixa renda das famílias para acesso a dispositivos e conectividade a internet.

Ainda assim, tivemos diversas experiências exitosas e que amortizaram uma situação que poderia ser pior. Isso só foi possível pelo esforço dos governos ao promover formações para professores e – mesmo com suspensão do ensino presencial – estabelecimento das práticas remotas como complemento para atividades que eram produzidas e distribuídas para os estudantes de forma tradicional (impressos) ou de maneira remota usando a internet ou canais públicos de televisão. Também foram demandadas adoções de plataformas de educação hibridas utilizando computadores, tablets e smartphones para práticas de ensino utilizando a internet, garantindo a significativa parte dos estudantes a continuidades dos estudos durante os protocolos de distanciamento social.

A maiorias das instituições aderiram a plataformas de gigantes dos serviços de internet, como o Google e a Microsoft, que forneceram serviços gratuitos para as instituições publicas ou sem finalidades lucrativas manterem suas atividades letivas. As distribuições de acessos a internet por meio de chips e aplicativos de VPNs também possibilitaram que estudantes acessassem estas plataformas e continuassem interagindo com suas escolas.

Mas o cenário que as escolas – principalmente as públicas – tem para o futuro é que a necessidade de formação de professores e adoção de medidas de inclusão digital são um caminho sem volta. O sistema de ensino híbrido (blended learning) estará presente em todas as instituições e redes de ensino do país como um processo cada vez mais significativo para a educação de crianças e adolescentes na Educação Básica. Aquilo que democratizou e universalizou o ensino superior para as regiões mais longínquas dos grandes centros urbanos agora será uma presença constante na prática de docentes e estudantes, cabendo aos poderes públicos a implementação das estruturas e recursos que garantam sua viabilidade.

Mães engajadas na educação dos filhos durante a pandemia de COVID-19

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
NOVO, Benigno Núñez. O ensino híbrido está no topo das tendências escolares para 2021. Disponível em: https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/o-ensino-hibrido-esta-no-topo-das-tendencias-escolares-para-2021.htm
Célio, E., Palmeira, A., & da Silva, R. (2013). Inclusão digital: um desafio para a sociedade. Inclusão Social. Disponível em http://revista.ibict.br/inclusao/article/view/1674
Leitão, A. & Sousa, H. (2020). Inovações e desafios em tempos de educação remota: Relatos de experiências em ciências humanas. Cabedelo: Editora UNIESP. Disponível em https://editora.iesp.edu.br/index.php/UNIESP/catalog/view/18/78/253-1
Nunes, C. & Pires, A. (2020). “Aulas a distância na quarentena: um relato de experiência sobre o uso de TDICs no ensino fundamental anos finais”. João Pessoa: V Congresso sobre Tecnologias na Educação (Ctrl+E 2020). Disponível em https://sol.sbc.org.br/index.php/ctrle/article/view/11377